Pequeno Atlas da Tragédia previdenciária brasileira
Tadeu Arrais e Juheina Lacerda VianaCom base em dados municipais, estaduais e nacionais sobre a
Previdência Social e a Seguridade Social brasileira, o professor do
Instituto de Estudos Socioambientais da UFG, Tadeu Arrais e a doutoranda
Juheina Lacerda Viana produziram um livro em formato de ebook
que faz um panorama sobre como a Nova Previdência, proposta pelo atual
governo federal ao Congresso vai afetar não só os idosos de hoje, mas
sobretudo os jovens trabalhadores do campo e da cidade no Brasil. Para o
professor o que está em curso é uma tragédia imposta em cada artigo do
projeto. Não a toa o livro tem o título: “Pequeno Atlas da Tragédia previdenciária brasileira”.
O livro composto por diversos gráficos feitos a partir de dados do
IBGE, INSS e Tesouro Nacional mostra como essa população será afetada e
discute a recorrente ideia de déficit previdenciário, demonstrando que o
INSS, apesar do desemprego e da intensa informalidade do mercado de
trabalho, não está em colapso. A soma das receitas de contribuição do
RGPS (INSS) e dos RPPS (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)
foi superior, em 2018, a ½ trilhão de reais, o que justifica o interesse
do capital financeiro em nosso sistema público de previdência e
seguridade social.
Segundo o professor Tadeu Arrais o livro é um convite, a partir da
ciência da Geografia, preocupada com a dimensão territorial dos fatos
sociais, para discutir o nosso futuro e lutar para que não percamos
direitos. A publicação integra o conjunto de resultados do projeto
pesquisa Transferência de Renda Direta e Economia Urbana: análise dos
impactos da Aposentadoria Rural e do Programa Bolsa Família nos
Municípios Goianos, financiado pelo CNPq.
O professor ressalta no livro que muitas pessoas estão lutando para
sobreviver, muitas vezes em trabalhos precários e nem sequer sabem o que
esta reforma pode significar em suas vidas e passam a ser
culpabilizadas pelo chamado déficit previdenciário. Entre as “tragédias”
apontadas pelo professor está a desvinculação do benefício do salário
mínimo e redução do Benefício de Prestação Continuada ao idoso e pessoa
com deficiência (BPC) para R$ 400,00. O professor acredita que isso irá
estabelecer uma “política geriátrica de seleção natural”.
O professor explica que a vinculação com o salário mínimo, permitiu
aumentar o poder de consumo da parcela que vive na base da pirâmide da
previdência social e da seguridade social. Também ressalta que essa
renda também é extremamente importante para as economias municipais.
“Não é preciso frequentar os bancos de economia da Universidade de
Chicago para prever o impacto no consumo e, portanto, no varejo, na
indústria e nos serviços desses recursos. A cadeia do consumo e dos
serviços depende, inegavelmente, dessa renda gerada por milhões de
aposentados e pensionistas”, explica.